O aterro sanitário de Guaíra foi entregue para atual administração em péssimas condições, muito lixo fora da vala controlada, detritos depositado em desacordo com as normas da Cetesb – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo –, e precária operação vala. A terra retirada da escavação da cova em uso sumiu, o que provocará problemas futuros para o necessário aterramento dos resíduos.
Para complicar ainda mais, a gestão anterior perdeu o prazo para a renovação da licença de operação do aterro. Na verdade durante a transição de prefeitos, os responsáveis pelo depósito de lixo, simplesmente preencheram uma solicitação de renovação via internet, mas não entregaram na Cetesb os documentos necessários para renovar a autorização de funcionamento.
Devido as condições, e a falta de renovação, a Cetesb notificou o aterro sanitário de Guaíra e pode interditar o local. Desta feita a cidade teria que contratar um aterro particular para depositar o seu lixo do dia a dia. Tipo de estabelecimento que cujo mais próximo fica na cidade de Guará. Ou seja teria que pagar para depositar e também gastaria com o transporte.
A estimativa da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras, da qual faz parte a pasta de Meio Ambiente, é que Guaíra, somente nos cinco primeiros meses do ano gastaria cerca de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), somente para poder descartar o seu lixo doméstico, caso o depósito de lixo fosse interditado pela Cetesb.
No começo do ano, ao se deparar com a situação de abandono que se encontrava aterro, a atual administração começou a reabilitação do local. Colocando os detritos dentro da vala e retirando lixo despejado a céu aberto. Este trabalho resultou na boa nota, sendo os silos de resíduos domésticos de Guaíra classificados com a nota de 8 pontos, de 10 possíveis. Muito para um estabelecimento público que nos primeiros dias do ano estava em vias de ser lacrado.
Mesmo com boa nota, devido ao deslize do governo passado, Guaíra foi autuada e se não alcançar sucesso em recurso contra a autuação da Cetesb pode ter problemas na renovação da licença.
Couro enterrado
A história do couro enterrado e depositado em céu aberto forma irregular no aterro sanitário, que é destinado exclusivamente a lixo doméstico, em barracões da usina de reciclagem e depósitos de entulho (Balança Municipal), já gerou processo administrativo, e vai continuar gerando muitos mais gastos aos contribuintes.
Acontece que depositar e enterrar as 200 toneladas de rapas de couros com contaminantes tóxicos foi fácil. Difícil vai ser limpar a lambança, pela qual se suspeita que funcionários, ocupantes de cargo de chefia da administração passada, teriam recebido suborno.
Hoje, depois da municipalidade gastar com análise, sabe-se que o restolho além de fétido está contaminado por elementos tóxicos como arsênio e cromo. Este estudo dos químicos presentes nas raspas é uma das exigências da Cesteb para que Guaíra possa dar destinação do asqueroso espólio da transição.
Só para se ter uma ideia o único depósito que pode comportar este resíduo na região, na cidade de Uberaba, cobra R$ 500,00 a tonelada. Na matemática simples, 200 toneladas vezes 500, igual R$ 100.000,00 de recurso público desperdiçado por uma ação, que além de crime ambiental, suspeita-se ter sido fruto de corrupção.
Os gastos do dinheiro público para reparar o grave desfalque não param por aí. Já se gastou com exames químicos, tem o custo do recebimento por tonelada, mas como se trata de resíduo tóxico, daninho ao vida humana e ao meio ambiente, o transporte imundície tem que ser feito por caminhões específicos e a Prefeitura tem que ter autorização da Cetesb para fazê-lo. Assim já foi encaminhado para companhia ambiental o resultado da análise química e uma Carta de Anuência (documento que atesta que a empresa de Uberaba pode e aceita receber o couro) e somente depois da autorização é que a Prefeitura pode contratar a empresa para transportar a resíduo depositado no logradouro que deveria servir para manter a cidade limpa de forma responsável.
É importante lembrar que a Cetesb está acompanhando todo processo, e só autoriza a retirada do despojo quanto tiver a garantia que o contaminante terá a destinação correta.