O Brasil só será um país desenvolvido quando a maioria da população souber, de fato, ler. A afirmação é do escritor infantojuvenil Pedro Bandeira, que participou de uma conferência neste sábado (8) na 13ª Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto (SP). O autor, que é um dos homenageados desta edição do evento, fez críticas ao envolvimento da família brasileira no incentivo à leitura e disse que o futuro de uma geração habituada a ler depende da introdução da literatura nas escolas.

“Eu estou absolutamente convencido de que o Brasil é fraco e sempre foi, porque nunca soube ler. Não temos engenharia, não temos ciência. Tudo o que existe de mais rentável é ‘made in China’. Não somos capazes de inventar nada. Exportamos só matéria prima, só produtos primários”, afirmou Bandeira, diante de cerca de 500 leitores que ocupavam a plateia do Theatro Pedro II.
A ausência da leitura, segundo o escritor, é um problema histórico, que vem desde a época da colonização do país. “Nós nunca pudemos ler. A nossa história é muito feia. Não é aquela composta por heróis maravilhosos que a gente aprende na escola. Não fomos colonizados. Fomos invadidos e explorados. Essa gente vinha com o interesse de enriquecer e levar embora tudo. Logo, não traziam a escola. O Brasil sempre foi analfabeto”, criticou.
Considerado o autor de literatura juvenil mais vendido no Brasil, Bandeira disse que embora o acesso à leitura tenha se tornado maior no decorrer dos anos, ainda falta incentivo para que as novas gerações vejam o livro como fonte de prazer e conhecimento. “Os pais não são capazes de compreender um texto. O professor sabe disso. Ensina a criança a ler, mas sabe que os pais não sabem, muito menos o avô ou a avó. Como essas pessoas no século 21 podem fazer um grande país?.”
Para Bandeira, com a ausência da família na formação literária, resta à escola assumir esse papel junto às crianças. O autor afirmou que essa função tem ainda mais importância nos dias de hoje, quando a maioria dos jovens e adolescentes passam horas na internet. “O acesso à leitura é a única certeza que a gente deve ter. Só a compreensão plena do que está escrito pode levar um país para frente. Todo o conhecimento está escrito. Mesmo que for na internet, é texto.”
Fernanda Testa G1 Ribeirão e Franca