O Sindicato dos Sapateiros de Franca (SP) decidiu em assembleia realizada na segunda-feira (4) suspender a greve iniciada no dia 26 de fevereiro, mas o não cumprimento de uma das clausulas que, segundo os trabalhadores, foi acordada durante uma reunião com os empresários poderá gerar uma nova paralisação. O presidente do sindicato da categoria, Fábio Cândido, afirmou que o impasse está em relação ao valor da participação nos lucros e resultados (PLR).
Cândido afirmou que os profissionais pediam a PLR baseada em 104 horas trabalhadas, mas o Sindicato da Indústria de Calçados de Franca (Sindifranca) decidiu manter o valor atual, que é calculado em 94 horas. Outro ponto de discordância é o desconto no pagamento dos dias que a categoria ficou parada por causa da greve. Os trabalhadores querem repor dois terços do tempo com horas extras ao longo do ano, o que foi negado. As negativas foram confirmadas pelo Sindifranca em nota.
Uma nova reunião entre representantes dos empregados e dos patrões para resolver o imbróglio está marcada para às 14h desta terça-feira (5).
Apesar do impasse, sapateiros e empresários entraram em acordo em relação ao reajuste salarial, fixado em 9%. O aumento será dividido em duas vezes. O piso que atualmente é de R$ 751,50 por uma carga horária de 44 horas semanais passará a ser imediatamente reajustado em 8,5% saltando para R$ 815,37. A incorporação do outro 0,5% virá na folha de junho, quando o piso passará a ser definitivamente R$ 819,14.
A greve
A categoria decidiu entrar em greve, no final do mês passado para exigir um reajuste salarial de 10% e um aumento na PLR baseada em 150 horas trabalhadas. Na primeira semana de protestos, segundo o sindicato, houve adesão de seis mil funcionários e a paralisação de 12 fábricas. O polo calçadista de Franca, um dos principais do país, possui atualmente 31 mil sapateiros.
Com a greve, algumas fábricas chegaram a trabalhar com a capacidade reduzida. Segundo o empresário Oscar Carreira, isso gerou atraso nas entregas de mercadorias. “Deixamos de produzir 4,5 mil pares e estamos com 50% da capacidade produtiva. Isso não é bom, atrasa as entregas”, disse na ocasião.
Leandro Mata
Do G1 Ribeirão e Franca