A cobrança de até R$ 2,19 pelo litro do etanol nos postos de Ribeirão Preto (SP) gerou reclamação por parte dos motoristas nesta segunda-feira (4). O valor do combustível – resultante do período de entressafra e do aumento da demanda pelo produto em outras regiões, segundo representantes do setor – é o mais elevado da cidade desde março do ano passado, quando o litro chegou a R$ 2,23.
“É totalmente abusivo. O salário aumento? Como aumenta [o etanol] desse jeito? É alto demais, temos usinas aqui dentro, está abusivo”, disse o calheiro Carlos Renato da Silva Carvalho, que não vê meios de economizar porque depende do veículo com tanque cheio para trabalhar.
A cobrança que gerou a revolta de Carvalho e de outros motoristas da cidade, nas contas do economista da USP José Carlos de Lima Júnior, tornam o etanol, de um modo geral, uma opção menos vantajosa em relação à gasolina – hoje vendida a R$ 2,89. “Não vale a pena neste momento abastecer com etanol. Qualquer valor abaixo de R$ 2 valeria”, disse.
Entressafra e demanda
Segundo o economista, além do período de entressafra – que reduz a oferta do produto –, houve uma crescente na demanda pelo combustível nas regiões Norte e Nordeste, onde a seca prejudicou a produção de cana-de-açúcar. “Eles têm uma demanda pelo etanol e neste momento não estão conseguindo atender o próprio consumo. Então o nosso etanol está abastecendo essa outra região”, disse.
Em nota, a União da Indústria da Cana-De-Açúcar (Unica) confirma a incidência desses fatores e acrescenta que o preço também foi impulsionado pela compra antecipada de etanol em razão da recente elevação da gasolina, que aumentaria a procura pelo produto, e do carnaval.
“A Unica entende que essa movimentação reflete as condições de mercado em torno do produto, e lembra que os preços finais pagos pelo consumidor ao abastecer também dependem de outros integrantes da cadeia, especificamente as distribuidoras e os postos, já que ambos podem também influir na formação dos valores pagos na bomba pelo consumidor”, comunicou.
Por outro lado, a instituição informou que os estoques de etanol não está em baixa na região e são suficientes até a próxima safra, em abril.
Sincopetro
Segundo Oswaldo Manaia, presidente regional do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), os postos de combustíveis tiveram que repassar um aumento para o consumidor para que pudessem manter o equilíbrio financeiro. “Em outubro ganhávamos 40%, hoje nós estamos uma margem de 14% a 17%, que não fecha a conta. Cada um está aumentando na bomba o valor que lhe é necessário para que seu negócio fique normal como tantos outros”, disse.
Do G1 Ribeirão e Franca