O Sindicato da Indústria de Calçados deFranca (Sindifranca) anunciou nesta quarta-feira (27) que os salários dos trabalhadores serão pagos com um reajuste de 7,5% em março, mas a entidade que representa os sapateiros informou que manterá a greve nesta quinta-feira (28). A categoria iniciou uma paralisação na terça-feira (26) pedindo reajuste de 10% na remuneração, além de abono escola em dinheiro, cesta básica e aumento da Participação dos Lucros e Resultados (PLR) de 94 para 150 horas.
De acordo com o presidente do Sindifranca, José Carlos Brigagão, a decisão de antecipar o depósito do reajuste, mesmo sem a concordância oficial dos empregados, surgiu durante uma assembleia com diretores de cem fábricas da cidade na tarde de terça. Os 7,5% definidos – e que serão pagos no dia 5 de março – incluem 6,63% de INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e um aumento real de 0,88%. “A assembleia decidiu dar reajuste na folha de pagamento de fevereiro como antecipação de um futuro acordo a ser fechado”, afirmou.
Segundo ele, outros benefícios exigidos pela categoria não foram atendidos por limitações orçamentárias e tributárias das indústrias. “O aumento no PLR oneraria muito a folha de pagamento, é inviável, não tem condição, as indústrias de Franca quebram. O abono escola atualmente é isento de imposto. Se for dado em dinheiro, passa a ser tributado como salário”, disse Brigagão, que ainda aguarda um posicionamento do sindicato dos trabalhadores sobre a decisão.
Para Fábio Cândido, presidente do Sindicato dos Sapateiros, o anúncio do Sindifranca é uma tentativa de enfraquecer a paralisação. “A postura é tentar desarticular a greve, mas terá efeito contrário. A participação dos trabalhadores tem aumentado”, afirmou o sindicalista, que ainda sustenta a reivindicação inicial de 10% de reajuste. Segundo ele, nos dois primeiros dias de greve 12 fábricas estiveram fechadas.
Piso salarial
O piso salarial dos 31 mil sapateiros de Franca atualmente é de R$ 751,50 por uma carga horária de 44 horas semanais. O último reajuste da categoria, de 7,63%, foi aprovado no início do ano passado.
Rodolfo Tiengo do G1 Ribeirão e Franca