Durante as tempestades é possível ver com nitidez a grande quantidade de raios que caem sob Ribeirão Preto. Neste ano, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram 33,8 raios por dia, em um total de 1.725. Em janeiro, a cidade registrou 963 raios, e 762 em fevereiro (até o dia 20).
Um estudo desenvolvido pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) desde 1998 aponta que, em média, caem 8,1 raios por quilômetro quadrado por ano no Brasil. A tendência é que o número aumente ainda mais pela frequente urbanização. Atualmente Ribeirão, ocupa a 2.378ª posição no ranking nacional de raios (são 5.570 cidades no País).
“Geralmente os raios começam a aparecer com mais frequência a partir de setembro e permanecem com intensidade até março, quando o clima está mais quente e facilita a formação de nuvens. Cerca de 70% dos raios caem nesse período”, explicou o pesquisador do Elat Dailton Guedes.
De acordo com o pesquisador, o aumento de áreas urbanizadas e industriais fazem surgir as chamadas ilhas de calor, o que acaba provocando as tempestades. “Durante o dia faz muito sol e calor, elevando a temperatura. A evaporação da água no solo aumenta, sobe para a nuvem e acaba provocando a chuva e consequentemente os raios e trovoadas.”
CHUVAS
Um outro dado que chama atenção é a quantidade de chuvas na cidade. No ano passado, em fevereiro, foram registrados 89,1 milímetros, contra 173,8 até sexta-feira, segundo a Coordenadoria Estadual da Defesa Civil. Somando os dois primeiros meses deste ano, houve um aumento de 16% na quantidade de chuvas em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 384,1 contra 444,6.
“Esse tempo de calor durante o dia e tempestades no final da tarde é bem típico do verão. Está chovendo muito forte em um rápido período. Dificilmente vamos acordar com a chuva. A característica nessa época são pancadas fortes no fim do dia ou começo da noite”, contou o professor de agrometeorologia Glauco Eduardo Pereira Côrtez.
CIDADE JÁ TEVE DUAS MORTES
Quando o tempo fecha e começam as trovoadas e descargas elétricas as pessoas buscam um abrigo para se protegerem. Porém, muitas vezes acabam tentando se proteger da chuva embaixo de árvores e desconhecem o perigo. De acordo com o Elat, nos últimos 15 anos, duas pessoas morreram em decorrência de raios em Ribeirão. “Recomendo que as pessoas não caminhem em campo aberto durante as tempestades e não se escondam embaixo de árvores porque as chances de cair um raio é muito alto.” Segundo Guedes, o melhor local para se proteger é dentro dos carros. “Os pneus servem de isolamento.”
IG Paulista – RAC