A gestão interina das Prefeituras dePirangi (SP) e Viradouro (SP), cidades que tiveram seus prefeitos cassados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e foram assumidas pelos chefes do Legislativo este ano, pode ser prejudicial para o futuro dos municípios, alega a especialista em administração pública e professora da USP de Ribeirão Preto (SP), Luciana Romano Morilas. Segundo ela, o período de espera por uma definição do TRE sobre a realização de novas eleições municipais é perdido no que diz respeito a projetos de longo prazo.
“Quem está governando é um vereador, alguém que foi eleito para legislar e não para executar, alguém que está provisoriamente no cargo que não tem condições de elaborar planos de longo prazo, só vai cuidar das situações emergenciais. Isso é muito ruim para o município”, afirmou Luciana.
Os prefeitos interinos, no entanto, têm visões distintas sobre o assunto. Para Erney Antonio de Paula (PT), que de vereador eleito presidente da Câmara passou a chefe do Executivo de Viradouro (SP), a situação é incômoda. Em razão de sua nomeação em cima da hora, ele alega não ter tido um período de transição para garantir maior preparo para enfrentar os problemas da cidade. “Assumi a prefeitura sem saber a situação e ao mesmo tempo tendo que administrar e fazer a transição, iniciando a administração com uma dívida muito grande, de quase R$ 9 milhões”, disse.
Douglas França Aires (PT), vereador empossado como prefeito provisório de Pirangi este ano, analisa a questão de outra maneira. Para ele, a indefinição política não tem sido um problema para a obtenção de verbas nem para a realização de obras de infraestrutura – uma operação de pavimentação de ruas, por exemplo, deve acontecer nos próximos dias, segundo Aires. “Estou trabalhando como se fosse ficar estes quatro anos”, disse.
De vereadores a prefeitos
O vereador reeleito Douglas França Aires assumiu a Prefeitura de Pirangi no lugar de Brás de Sarro (PSD), reeleito porém cassado depois que o TRE julgou que ele cometeu abuso de poder econômico e político nas eleições de 2012.
Em Viradouro, o vereador Erney Antonio de Paula assumiu o cargo que seria ocupado por Maicon Lopes Fernandes (PSD), cassado pelo TRE de São Paulo após ser barrado pela Lei Ficha Limpa. De acordo com o tribunal, Fernandes passou a concorrer à Prefeitura apenas cinco dias antes das eleições.
As duas cidades aguardam decisão definitiva da Justiça Eleitoral sobre a possibilidade de serem realizadas novas eleições municipais. Segundo a assessoria de imprensa do TRE, o processo de Pirangi ainda tramita no tribunal e o de Viradouro está nas mãos de uma juíza relatora que vai analisar o caso, mas nenhuma votação foi marcada.
do G1 Ribeirão e Franca