Foi enterrado nesta quinta-feira (7) emTaquaritinga (SP) o corpo da menina Ingrid Vitória Machado, de 5 anos, morta na quarta-feira (6) ao ser arrastada pela enxurrada e sugada por uma boca de lobo durante um temporal na cidade. A criança havia acabado de deixar a escola onde estudava no bairro Vila São Sebastião e seguia para casa quando aconteceu o acidente. O pai de Ingrid, Fabiano Batista, acusa a instituição de ensino de negligência, já que, segundo ele, a menina deixou o local meia hora antes do horário convencional. “Por causa de meia hora eu perdi a minha filha”, diz.
A Secretaria de Educação Ana Lúcia Aiello afirmou que uma comissão foi formada para investigar a responsabilidade dos funcionários da Escola Municipal Professora Célia Regina Dib Renzo no caso, já que alunos da 1ª série não são liberados da escola sem a presença dos pais.
Morte
Segundo o pai, Ingrid havia iniciado os estudos na 1ª série do ensino fundamental nesta semana e deveria ter sido liberada da escola às 16h de quarta-feira. Ele afirma que chegou ao local às 16h05 e não encontrou a filha. “Eu falei o nome dela e as professoras me disseram que não havia nenhuma Ingrid Vitória lá. Saíram perguntando para as próprias crianças quem era Ingrid Vitória. Ela estava frequentando a escola há três dias e a professora nem sabia quem ela era”.
Batista afirma ainda que uma das professoras disse que a menina poderia ter sido acompanhada por outra pessoa. “Me falaram que ela deveria ter ido com um acompanhante ou um conhecido, mas eles tinham que ter entregado a menina só ao pai ou a mãe dela. Jamais a outra pessoa.”
tubulação(Foto: Chico Escolano/EPTV)
No momento em que Ingrid saiu da escola chovia forte em Taquaritinga. Segundo testemunhas, ela escorregou quando seguia pela Rua Otávio Martinelli e foi levada pela enxurrada até ser sugada por uma boca de lobo sem grade. A menina foi arrastada por um quilômetro dentro da tubulação e foi encontrada por moradores no córrego Ribeirãozinho. Ingrid chegou a ser socorrida pelos bombeiros, mas morreu no pronto socorro da cidade.
De acordo com Batista, houve descaso por parte da escola. “Ela era tudo na minha vida. Aquelas professoras têm filhos. Eu gostaria de saber se com um tempo de chuva daquele, elas soltariam os filhos dela para ir embora”, diz o pai, inconformado.
“Eles [escola] deveriam ter avisado a gente de que liberariam as crianças mais cedo. Eu só quero justiça. Até agora ninguém explicou nada sobre o que aconteceu. Porque não avisaram a gente? Eu quero que apareça o culpado”, declara a mãe, Priscilla Juliana Batista.
Prefeitura
Questionado sobre a proteção que poderia haver nas bocas de lobo, o secretário de Serviços Municipais Gisto Mancin disse que não é praxe que haja grades nos bueiros da cidade. “Há a colocação de grades em alguns lugares para a retenção de lixo ou de objetos que podem entupir o bueiro. A previsão de se colocar uma grade que vai evitar que uma pessoa caiba ali não existe”, diz.
Segundo a secretária de Educação, o processo administrativo aberto vai ajudar a elucidar o caso. “Serão ouvidos todos os envolvidos para esclarecer e apontar as falhas que ocorreram”, afirma Ana Lúcia.