A Prefeitura de Ipuã (SP) abriu uma sindicância para apurar a responsabilidade pelo fato de R$ 400 mil em medicamentos não terem sido distribuídos à população e perdido o prazo de validade na farmácia da Unidade Mista de Saúde da cidade. Segundo a Secretaria de Saúde, 112 tipos de remédios não podem mais ser utilizados. Um boletim de ocorrência foi registrado e o Ministério Público irá acompanhar o caso.
A secretária de Saúde, Ivana Castro, culpa a administração passada pelo problema. “Esses medicamentos foram comprados na gestão anterior. Nós assumimos e encontramos os remédios vencidos. Fizemos a contagem por lote, data de validade e quantidade”, argumenta. Entre os produtos, há itens para tratamento de pressão alta, diabetes e problemas do coração.
O ex-prefeito da cidade, Itamar Romualdo, afirmou que não foi comunicado do prazo do vencimento dos remédios quando ainda estava à frente do Executivo.
De acordo com Ivana, 32 tipos de medicamentos venceram em 2012 e o restante vencerá até abril deste ano. Apenas uma pequena quantidade do estoque ainda poderá ser aproveitada. “Há remédios que vencem em dezembro deste ano. Mesmo assim, parte será levada à Câmara para que possa ser feita uma doação, visto que há um grande lote de um mesmo medicamento que vence em um prazo curto”, diz a secretária.
A notícia do desperdício em Ipuã deixou moradores como a aposentada Benedita de Oliveira revoltados. “Eu gostaria de saber quem é que vai devolver o meu dinheiro. A cidade é carente e uma situação assim não pode acontecer”, critica.
A dona de casa Stella Stocco vive na pele a dificuldade em conseguir três remédios para controlar a diabetes. Nos últimos seis meses, ela diz que não conseguiu retirar nenhum medicamento na unidade. “Eles simplesmente não davam explicação. Eu não posso ficar sem os remédios e tenho que conseguir de outra maneira”, desabafa.
A secretária de Saúde diz que um levantamento está sendo feito para que novos remédios sejam comprados em caráter emergencial para atender a população e repor o estoque. Segundo Ivana, a previsão é que o fornecimento volte ao normal em um mês.
Outro lado
O ex-prefeito de Ipuã, Itamar Romualdo, afirmou que não foi informado oficialmente sobre o vencimento dos medicamentos que deveriam ser distribuídos na rede municipal de saúde.
Segundo ele, a Vigilância Sanitária realizou uma fiscalização na farmácia do município em setembro do ano passado e não encontrou nenhum remédio com data de validade vencida.
Ainda de acordo com Romualdo, durante a gestão dele, farmácias particulares mandavam os medicamentos vencidos para a prefeitura, que ficava responsável por realizar o descarte correto dos medicamentos. Ele acredita que a empresa que realizava este descarte não fez o recolhimento dos produtos em dezembro e que este seria o motivo para estes remédios vencidos estarem armazenados na Secretaria de Saúde.
do G1 Ribeirão e Franca