Uma família de Miguelópolis (SP) acusa o pronto-socorro da cidade de omissão no socorro a um adolescente de 14 anos, que morreu após sofrer uma parada cardiorrespiratória em casa na noite de sábado (19). A mãe do garoto alega que a ambulância solicitada por ela não foi enviada ao local onde o menino passou mal. Revoltados com a morte, familiares e amigos do estudante depredaram o prédio da unidade de saúde.
O coordenador do pronto-socorro afirmou que caso seja constatado que houve falha no atendimento ao adolescente, os responsáveis serão punidos.
Morte e revolta
O adolescente Gerson Alves de Lima Ferreira tinha arritmia cardíaca. A mãe, Maria Aparecida Dias, disse que ele passou mal em casa na noite de sábado, e que telefonou para o pronto-socorro para pedir uma ambulância. Como o socorro não chegou, a família parou um carro na rua e pediu ao motorista que levasse o menino ao hospital. “Eu liguei cinco vezes e em nenhuma vez eles me disseram o motivo da ambulância não ter ido. Ele já chegou desfalecido ao hospital”, diz Maria Aparecida.
De acordo com a família, Gerson morreu ao chegar ao pronto-socorro. Amigos e familiares do garoto ficaram sabendo do caso e foram até o hospital. Revoltados, eles apedrejaram o pronto-socorro, a santa casa e a ambulância que deveria ter feito o transporte do paciente e que estava parada na entrada do prédio. Portas, janelas e móveis foram danificados.
A Polícia Militar informou que foi chamada pelos funcionários do pronto-socorro e que, ao chegar ao local, foi recebida com pedras, xingamentos e ameaças por parte dos manifestantes. Duas viaturas sofreram danos. Segundo a polícia, o grupo era formado por cerca de 20 pessoas – um irmão do adolescente participava da ação.
Em meio ao tumulto, cinco pessoas – entre elas três adolescentes – foram detidas.
Para o irmão, o ato se justifica pela revolta da morte do menino. “Nós ficamos revoltados porque meu irmão não recebeu atendimento e morreu. Qualquer um no meu lugar faria isso. Foi um momento de revolta. Quem vai trazer meu irmão de volta agora? Ele morreu porque não teve atendimento”, diz o irmão do adolescente, Wagner Alves Dias.
Segundo a mãe, a tragédia poderia ter sido evitada. “Talvez ele não teria morrido se o socorro tivesse chegado logo”, lamenta.
Pronto-socorro
De acordo com o coordenador do pronto-socorro, Júlio Ferreira Carmo, dois médicos estavam de plantão quando o menino deu entrada. Carmo afirma que todos os procedimentos possíveis foram feitos para reanimar o adolescente, mas ele não resistiu.
Com relação à demora da ambulância, como acusa a família, Carmo diz que o pronto-socorro possui apenas um veículo para fazer o transporte de pacientes, e que no momento do chamado da mãe do adolescente, a viatura estava em outro atendimento. Entretanto, Carmo afirmou que as possíveis irregularidades na demora do socorro serão apuradas.
Do G1 Ribeirão e Franca