Início de ano é um momento complicado para os país. É nesta época que se começa a pensar na volta às aulas dos seus filhos. A lista de material escolar deles começa ser analisada e as pesquisas de preço são iniciadas. Apesar de cansativas, as duas práticas são fundamentais para conseguir os menores custos para os melhores produtos.
Algumas atitudes podem ajudar os pais a economizarem na hora da compra. Em seu site, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) dá algumas dicas para atingir este objetivo. O primeiro passo é verificar tudo o que sobrou do material do ano anterior. Alguns itens podem ser reutilizados, como é o caso das mochilas, estojos, pastas e fichários. Somente depois desse levantamento é recomendado definir o que necessário que seja adquirido em papelarias.
A clássica pesquisa de preços é a melhor forma de economizar, mas é preciso prestar atenção não somente aos preços, mas também à qualidade do produto. Negociar com o vendedor descontos em compras à vista pode ajudar a baratear os preços. Um boa ideia é reunir um grupo grande de pessoas que também estejam na busca por material escolar. Realizar compra conjunta com outros pais pode render economia.
O Idec não recomenda que os filhos acompanhem os responsáveis no momento da compra pois as crianças tendem a se interessar por produtos com personagens de desenhos ou similares. Esses produtos são geralmente mais caros. Caso o orçamento esteja reduzido, uma dica é comprar os objetos básicos neste período de início de ano e complementar as compras no momento pós-volta às aulas, quando os preços costumam cair.
Já o Serviço de Proteção ao Consumidor do Estado do Rio de Janeiro (Procon-RJ) alertou recentemente que as listas de material escolar não podem conter itens que não sejam de uso pedagógico. Fica proibida, então, a presença de produtos para a infraestrutura de atendimento escolar do aluno, para a higiene pessoal e para o uso coletivo. A exceção é quando o uso pedagógico destes utensílios estiver especificado.
São exemplos de produtos que não podem ser cobrados: álcool hidrogenado, canetas para lousa, copos descartáveis, creme dental, giz branco e colorido, papel higiênico, sabonetes, entre outros produtos. A compra desses materiais está incluída na mensalidade dos alunos. No caso da resma de papel, pedir mais de uma por estudante já é considerado exagero.
Denúncias de abusos podem ser feitas ao Procon-RJ, pelo telefone 151, das 7h ás 19h, nos dias úteis. Cobrar a mais pelo fato da compra ter sido efetuada com cartão de crédito também é uma prática ilegal, assim como o não fornecimento da nota fiscal da compra para o consumidor. Somente com este documento é possível exigir soluções para problemas com as mercadorias. Uma outra dica é evitar comprar produtos com ambulantes e camelôs, exatamente por eles não fornecerem notas fiscais.
Serviço
Atendimento do Procon-RJ: 151
Alguns itens que não devem estar na lista de material
1. Álcool hidrogenado
2. Algodão
3. Bolas de sopro
4. Canetas para lousa
5. Copos descartáveis
6. Cordão
7. Creme dental
8. Disquetes
9. Elastex
10. Esponja para pratos
11. Estêncil a álcool e óleo
12. Fita para impressora
13. Fitas decorativas
14. Fitilhos
15. Giz branco e colorido
16. Grampeador
17. Grampos para grampeador
18. Lenços descartáveis
19. Medicamentos
20. Papel higiênico
21. Papel convite
22. Papel ofício colorido
23. Papel ofício (230 x 330)
24. Papel para impressoras
25. Papel para copiadoras
26. Papel de enrolar balas
27. Pegador de roupas
28. Plásticos para classificador
29. Pratos descartáveis
30. Sabonetes
31. Talheres descartáveis
32. TNT (tecidos não tecido)
33. Tonner
Conciliar boa qualidade, preço baixo e os desejos dos filhos é a missão no início do ano para os pais e responsáveis que vão realizar as compras dos itens escolares de 2013. Muitos acabam priorizando uma das características, mas sabem que é necessário pesquisar bastante antes de começar a gastar.
Alguns itens geram muitas queixas. A dona de casa Luíza Peçanha reclamou muito de alguns materiais que a escola de sua filha pediu. Ela considerou um exagero. “Alguns são desnecessários. Eu analisei a lista e vi que existem pedidos de compra de sabonete por exemplo. A escola quer seis unidades. Outros produtos são requisitados, como caixa de leite. Acaba encarecendo a lista. Por isso, na hora de escolher o local de comprar o material escolar, priorizo as casas que tenham as melhores condições de parcelamento. Isso faz com que a conta não atrapalhe a economia da casa”, diz Luíza, que, para não tornar a compra ainda mais cara, preferiu não levar a filha para a loja.
“Eu não posso trazê-la porque ela sempre escolhe os produtos de marca, que são mais caros. Eu tento priorizar a qualidade. A conta sai mais cara quando a decisão está nas mãos dela.”
Levar os filhos no momento da aquisição dos materiais é algo que divide as opiniões. Alguns pais evitam estarem acompanhados dos estudantes para não correrem o risco de pedirem os produtos que custam mais. Outros aproveitam a ocasião para tentar mostrar para as crianças a importância de pesquisar e analisar os produtos.
Carlos André Araújo e Cláudia Araújo, pais de Mateus Araújo, foram às compras sem a companhia do filho, mas levaram consigo uma lista com os pedidos do estudante. Apesar da insistência dos pais, Mateus não quis acompanhá-los.
“Nós achamos que é uma boa oportunidade para ensinar. Muitas vezes, as crianças não têm a noção de alguns aspectos, como o preço e a qualidade dos produtos. Esse é o momento de ensinar que é preciso pensar antes de comprar. Às vezes a criança fala que um produto é mais bonito e nós temos que explicar que ele não tem tanta qualidade, por exemplo. Nós nunca tivemos problemas com o nosso filho em relação a isso”, diz Cláudia, cuja opinião foi complementada pela a do marido.
“Em uma grande loja de material escolar, o verbo que as crianças utilizam é o ‘comprar’. O papel dos pais é saber dizer ‘sim’ para aqueles pedidos válidos e explicar o porquê do ‘não’ para os desejos não atendidos. Por isso é interessante ter a criança ao lado no momento da compra”, diz Carlos André.
O casal priorizou a qualidade dos produtos na hora de selecionar os produtos. Apesar disso, uma boa pesquisa foi feita para conseguir encontrar os melhores preços. “Na nossa escolha, temos uma preferência por produtos de qualidade. Logicamente que os preços são mais caros, mas fizemos uma pesquisa na internet e nas casas tradicionais. Isso é importante para que não haja desperdício”, diz Carlos André.
Priorizar o bom preço ou qualidade do produto também é um outro dilema para os pais. Os itens com imagem de personagens famosos dos desenhos são os pedidos da maioria das crianças, enquanto os mais baratos e de qualidade são os preferidos para os pais. Conciliar os dois é o ideal, mas nem sempre é uma tarefa simples.
“Durante as pesquisas, nós olhamos o custo dos produtos. A qualidade também é levada em conta, mas é difícil comprar aquilo que as crianças querem porque é o mais caro, em geral. Eu gosto de trazer a minha filha para fazer as compras porque acho que, aos 7 anos, ela já tem uma noção do que se pode ou não levar e pode me ajudar a escolher o melhor para ela. Minha filha já entende que alguns itens estão muito caro”, diz Márcia Aragão, mãe da menina Sophia Cathiard.
Pesquisar os preços dos produtos da lista de material escolar dos filhos pode representar uma boa economia para os pais. Na hora da compra, os responsáveis podem optar por produtos mais simples ou ceder aos pedidos dos estudantes, que geralmente optam pelos objetos que são mais caros. A diferença entre a lista de itens mais baratos e de mais caros é considerável.
A FOLHA DIRIGIDA visitou a papelaria Casa Cruz, que funciona no Centro do Rio. Na loja, que vende produtos escolares, foi feita uma pesquisa de preços de uma lista com 10 objetos. E a conclusão, válida para qualquer papelaria ou loja de venda de materiais, é a de que as diferenças de preço podem ser muito significativas, entre as marcas de um mesmo produto.
Somados os valores que seriam gastos nos 10 itens, a relação com os preços mais caros é quase cinco vezes maior que a dos produtos mais baratos. Abaixo é possível verificar a diferença entre os preços. Segundo Thiago Ribeiro, coordenador de marketing da loja, a pesquisa ajuda não apenas a baratear a compra, como também a evitar a aquisição de material de baixa qualidade.
“O ideal é pesquisar o maior número de produtos possível, de preferência nas grandes lojas desse segmento, porque elas possuem uma variedade maior. Muitos produtos possuem a imagem de desenhos e personagens. Estes são mais caros pelo fato dos produtores terem que pagar pelo uso dessas imagens. O preço sobe, naturalmente”, diz Thiago.
Ele também explicou que existem opções para clientes de todos os segmentos econômicos. O fabricante e os tipos de produtos fazem o custo variar. O coordenador de marketing aproveita para esclarecer uma dúvida dos pais: no momento da compra, os filhos devem estar presentes?
“Na realidade, não existe problema em levar as crianças para comprar os itens da lista escolar. É preciso lembrar que serão elas que vão utilizar o produto. É preciso ouvi-las. Algo interessante de se notar é que os jovens possuem desejos por certos materiais, mas quando eles veem os preços dos itens, eles sabem negociar com os pais. Eles têm noção do que se pode ou não comprar, mesmo sendo muito novos.”
Devido à demanda crescente no ínicio do ano, o material escolar fica mais caro. Segundo um levantamento feito por economistas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre janeiro e dezembro de 2012, o custo dos produtos escolares (excetuando os livros) aumentou em 5,31%. Apesar da elevação dos preços não ser muito grande, a tendência é que no mês de janeiro eles continuem a subir.
Ítem
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Menor preço | Maior Preço | Diferença |
Apontador
|
R$ 0,20 | R$ 6,75 | 33,75 |
Caneta esferográfica azul
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R$ 0,35 | R$ 3,65 | 10,43 |
Cola Branca 40 gramas
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R$ 0,54 | R$ 1,20 | 2,22 |
Lapiseira
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R$ 1,10 | R$ 4,35 | 3,95 |
Tesoura
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R$ 1,55 | R$ 4,95 | 3,19 |
Estojo Escolar
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R$ 3,55 | R$ 21,70 | 6,11 |
Caderno (capa dura, 96 folhas, 1 matéria
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R$ 4,90 | R$ 6,50 | 1,33 |
Resma de A4
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R$ 11,20 | R$ 13,90 | 1,24 |
Fichário universitário
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R$ 14,00 | R$ 149,70 | 10,69 |
Mochila
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R$ 39,50 | R$ 92,40 | 2,34 |
Total | R$ 76,89 | R$ 305,10 | R$ 228,21 |
Por Gabriel Coelho – Folha Dirigida