Com os termômetros marcando entre 40ºC e 43ºC nos últimos dias em Ribeirão Preto (SP), os moradores precisam encontrar formas de espantar o calor. Às 11h desta terça-feira (30), a temperatura na cidade alcançou 37ºC, segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Na segunda-feira (29), Ribeirão Preto chegou a registrar 43,6ºC às 17h – maior índice já registrado desde 2007. A umidade relativa do ar foi de 21%, número considerado baixo e preocupante.
Para Silvana Santos, de 50 anos, a sensação de calor é sufocante. “Faço tudo para conseguir sobreviver a esse tempo. Principalmente tomar sorvete e beber água. Dá vontade de abrir a geladeira e colocar a cabeça dentro”, brinca.
A gari Iraci Benedita Camargo, de 61 anos, trabalha das 6h às 14h e explica que na hora do almoço é que o sol fica realmente forte. “A gente suporta essa roupa de manga longa porque é o uniforme, não tem jeito”, conta.
Iraci explica que depois que termina o serviço, sempre procura uma sombra para descansar. “Além disso, se não tomar água o tempo todo, a gente morre”, diz.
As colegas de trabalho Iraci, Nilza Pires, de 46 anos, e Amanda Costa, de 33, explicam que não ficam sem o protetor solar. “Carrego na bolsa e passo quando sinto que está ardendo”, diz Nilza.

trabalho em Ribeirão (Foto: Luara Gallacho / G1)
Comerciantes torcem pelo calor
Se para quem está na rua a situação é de desconforto, para os comerciantes o clima é de festa. Segundo Thiago Reis, subgerente de uma sorveteria na região central, o movimento dobrou depois que os termômetros passaram dos 40ºC. “Passam pela loja cerca de 4 mil pessoas por dia. A venda de sorvetes cresceu 60%. Antes saía um pote com mais ou menos dez litros. Agora a venda é de três a quatro potes”, conta Reis. “Também tivemos que encher uma geladeira de água para dar conta da procura.”
Dono de uma barraca de garapa há 34 anos, Abel Domingos Pereira, de 64 anos, disse que as temperaturas altas atraem ainda mais clientes. “Tem gente que assina ponto aqui, que vem todo dia pegar uma garapinha gelada por causa do calor. Nessa época vende bem mais, melhora muito”, diz. Os preços dos produtos de Pereira variam entre R$ 1,5 e R$ 3 – dependendo do tamanho do copo – mas ninguém parece se importar com preço. “Deixa vim calor à vontade, quanto mais melhor.”
Saúde
O médico dermatologista do Hospital das Clínicas da Universidade de Ribeirão Preto (USP) João Carlos Lopes Simão orienta a população nestes dias de forte calor em relação à saúde. “Os raios ultravioletas provocam queimadura e envelhecimento, mas também tem a questão da desidratação”, explica. “O importante é tomar bastante líquido, mas o que é bom mesmo são a água e a água de coco”, afirma.
Com relação ao bloqueador solar, Simão orienta sobre o uso. “Se a pessoa fica em lugar fechado é preciso passar uma vez pela manhã. Se for sair para almoçar, é necessário passar meia hora antes da saída. No caso de um trabalhador que fica exposto ao sol, o importante é reaplicar o produto de duas a quatro horas.”
Sobre o uso de sombrinhas para evitar o sol o médico faz um alerta. “O problema é que nem todas são úteis para se proteger dos raios solares. Tem que ser um tecido em que a pessoa sinta que o raio não está passando, que fique escuro. Tecido transparente não pode.”
Para Simão, crianças com até seis meses de idade e idosos merecem maior cuidado porque sofrem mais com esses problemas. O ideal é evitar tomar sol entre as 10h e às 16h.

Do G1 Ribeirão e Franca