
Um casal de comerciantes de São Joaquim da Barra (SP) diz vasculhar o lixo das escolas municipais para conseguir alimentar 250 cães em casa e em um canil improvisado por eles no aeroporto da cidade. Para obter os 80 quilos de alimento necessários diariamente, os tratadores Neusa Mila, de 60 anos, e o marido, Lázaro Fernandes Mila, percorrem as escolas e recolhem restos da merenda. “A gente pega as sobras para misturar na ração e economizar”, afirma o comerciante.
A verba de R$ 2 mil repassada mensalmente pela Prefeitura é insuficiente para criar os animais, segundo Fernandes Mila, que estima gastar outros R$ 4 mil por mês apenas com atendimento veterinário. “Desembolsamos muito por mês para cuidar deles, mas não temos coragem de fazer mal.”
A questão financeira começou a pesar nos últimos anos, à medida que a quantidade de cães abandonados que chegava ao espaço cedido pela Prefeitura aumentava. Quando o canil foi aberto há oito anos, o casal cuidava de aproximadamente 80 cachorros. Hoje, o local está superlotado por 220 animais – outros 30 estão na casa dos comerciantes. “As pessoas acham que sou bem paga e que tenho a obrigação de fazer esse trabalho, aí abandonam os animais aqui”, reclama Neusa.
A comerciante acredita que o trabalho que faz não resolve o problema de abandono de animais nas ruas. “O certo é que as pessoas tenham responsabilidade”.
Canil indefinido
Além da questão financeira, Neusa e Lázaro estão diante de um impasse com relação ao canil em que os animais são cuidados. O local cedido pela Prefeitura terá que ser desocupado por conta das obras de reativação do aeroporto de São Joaquim da Barra, confirmou o chefe de gabinete Milton Roberto Furlan.
A empresa responsável pelo projeto, segundo Furlan, já iniciou a reforma e os cães terão que ser remanejados antes que o terreno em que estão seja reavido pela Prefeitura. O novo canil começará a ser construído a partir da próxima semana em área autorizada pelo município, garantiu o chefe de gabinete.
Do G1 Ribeirão e Franca