
O estudante de Direito acusado de tentativa de homicídio contra um frentista ao atropelá-lo em um posto de combustíveis de Ribeirão Preto (SP) em 2008 irá a júri popular, segundo decisão anunciada na terça-feira (7) pela 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo. À época, o caso ganhou repercussão nacional depois que foram divulgadas imagens feitas pelas câmeras de segurança do estabelecimento, que flagraram o atropelamento.
Caio Meneghetti Fleury Lombard, hoje com 23 anos, mora em São Paulo (SP) e responde em liberdade ao processo. Nesta terça-feira, os desembargadores deram parecer favorável ao recurso do réu que desqualifica o crime como sendo hediondo.
A defesa aguarda a publicação do acórdão para definir a estratégia que será usada no julgamento, ainda sem data marcada. Para o advogado do estudante, Heráclito Mossin, a decisão do Tribunal em desqualificar o crime é satisfatória. Ele considera que “esta foi uma vitória que favorece a defesa em 50%”.
O promotor Naul Luiz Felca, responsável pelo caso, está de licença do trabalho e não foi encontrado para comentar o assunto.
Entenda o caso
A acusação afirma que Caio Meneghetti Fleury Lombardi, à época com 19 anos, dirigia o veículo embriagado e assumiu o risco de matar ao volante. Lombard foi denunciado por dupla tentativa de homicídio, já que teria causado ferimentos graves no frentista e no motorista do carro estacionado.
O caso aconteceu no dia 11 de fevereiro de 2008. As imagens das câmeras do posto na Avenida Independência mostram o momento em que o veículo invadiu o estabelecimento, arrancou uma das bombas, atropelou o frentista e bateu em outro carro estacionado. Ainda segundo a acusação, Lombard teria tentado fugir do local, acelerando o carro enquanto a vítima estava presa embaixo dele.
No veículo, a polícia encontrou quatro frascos de lança-perfume e bebida alcoólica. O estudante foi submetido a testes toxicológicos, que constataram a embriaguez. Segundo o laudo do Instituto Médico Legal (IML), a dosagem alcoólica apontou taxa de 0,85 grama de álcool por litro de sangue, enquanto o máximo permitido era de 0,60 grama por litro de sangue.
Em depoimento à polícia, Lombard afirmou que na manhã do dia do acidente havia ido a uma universidade de Ribeirão Preto para realizar a matrícula e foi surpreendido por um grupo de veteranos que aplicava um trote nos calouros. Ele disse que foi levado para avenidas da cidade para pedir dinheiro aos motoristas e obrigado a beber o dia todo. À noite, Lombard teria retornado à universidade para levar três veteranos para a casa deles.
Por causa do excesso de bebida, o estudante alegou que se sentiu mal e que perdeu a consciência. Ele só percebeu o que tinha acontecido quando já estava dentro do posto de gasolina.
O frentista Carlos Alaetes Pereira Silva foi internado em estado grave no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, onde permaneceu por 20 dias, parte deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ele sofreu traumatismo craniano e queimaduras pelo corpo.
Após passar por um processo de reabilitação que durou cerca de seis meses, Silva voltou a trabalhar no mesmo posto. Ele entrou com uma ação contra o estudante que causou o acidente e foi indenizado.
Do G1 Ribeirão e Franca