Moradores do conjunto habitacional Parque Vicente Leporace em Franca (SP) entraram na Justiça para impedir a demolição de lojinhas e garagens de alvenaria construídas em espaços do condomínio. A Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU), que construiu o conjunto, alega que as obras são irregulares e que a demolição faz parte de uma revitalização que será feita no local.
Os espaços seriam utilizados para a construção de cinco centros comerciais que abrigariam 180 lojas. O representante da Associação dos Moradores do Parque Vicente Leporace (Amparvile) Nelson da rocha neves, afirma que a revitalização e´irregular. “Segundo o mapa que nós temos da prefeitura, aqui consta como área de lazer, sendo área de lazer o destino dela é para qualquer tipo de equipamento de lazer”, relata.
A CDHU nega que as áreas sejam destinadas ao lazer e afirmou que também quer construir 23 vagas de estacionamento para os 63 apartamentos, que esta semana começaram a ser pintados. Os espaços seriam utilizados em regime de rodízio. “O resto dos carros que não couberem nessas 23 vagas vão ter que ficar na rua. Então a gente questiona o direito de a gente poder guardar o nosso carro”, afirma a dona de casa Aparecida Donizetti Toste.
Para os moradores, os imóveis que ficarem sem estacionamento serão desvalorizados. “Desvalorização total para o apartamento. Se um apartamento vale R$ 30 mil hoje, ele vai valer R$ 15 mil e não vai achar quem queira, porque onde vai parar seu carro?”, questiona a dona de casa Diná Cândida.
Demolição
No fim de junho, uma locadora que funcionava há mais de cinco anos em uma garagem foi destruída. A decisão foi em cumprimento a uma ordem judicial.
Polêmica
A polêmica no Leoporace é antiga. Os moradores do conjunto habitacional usam as garagens como pontos comerciais há mais de 20 anos. Cerca de 600 pessoas dependem dos estabelecimentos para o sustento.
A CDHU considera o uso irregular e a proposta do órgão do governo estadual é construir os cinco centros comerciais para instalar as 180 lojinhas que atualmente funcionam nas garagens. A Companhia garante que os locais só serão demolidos após a conclusão dos centros.
Os comerciantes afirmam, porém, que não haverá vagas suficientes para todos. Além disso, eles temem que a clientela diminua. “Eu trabalho com lanche. Trabalho sozinha e tenho dois filhos. Eles estão querendo tirar a gente para por em uma galeria. Só tem eu aqui na avenida que trabalho com lanche, então para mim não vai funcionar, eu vou ter que fechar”, conclui a comerciante Leonor da Silva.
Do G1 em Ribeirão e Franca