
“A indústria está sucumbindo. Precisamos de medidas emergenciais”, diz Antônio Carlos Christiano, presidente de uma indústria de Sertãozinho (SP) que está com metade de sua produção parada devido a uma crise no setor sucroenergético iniciada na lavoura e que agora atinge as metalúrgicas da região.
Christiano teve que demitir 90 funcionários e buscar outros mercados, como o de óleo e gás combustível, para se adequar à queda de faturamento provocada pela baixa demanda de equipamentos para as usinas de cana-de-açúcar – as quais enfrentam produtividade decrescente nos canaviais e não têm como fazer novos investimentos em maquinário, de acordo com a União da Indústria da Cana-De-Açúcar (Única).
A realidade descrita por Christiano, segundo o presidente do Centro das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise BR), Adézio Marques, reflete a situação da maior parte das fornecedoras de peças e máquinas para as usinas em Sertãozinho, onde 50% da capacidade da produção metalúrgica está ociosa.
Paralisação que significou uma redução de ao menos dois mil funcionários nas contratações nas indústrias de transformação do município em 2012, segundo o Ministério do Trabalho. “As usinas estão descapitalizadas e, portanto, estão sem condições de retomar os investimentos”, disse Marques.
Crise no campo
De acordo com o representante da Única na região de Ribeirão Preto (SP), Sérgio Prado, a baixa quantidade de cana-de-açúcar disponível para moagem nas usinas, que está afetando a cadeia produtiva de Sertãozinho, se deve à falta de renovação dos canaviais, cuja produtividade caiu de 85 toneladas por hectare, em 2010, para 69 em 2011. “Temos menos cana do que indústria para moer”, explicou.
Além disso, as regiões produtoras enfrentaram problemas climáticos como geadas e secas, que também prejudicaram a safra em 2011. “Isso tudo reduziu ainda mais a capacidade de produção das empresas.”
As possíveis soluções para essa retração econômica serão discutidas em uma reunião nesta sexta-feira (20) em Sertãozinho, com representantes políticos e do setor sucroenergético.
Do G1 Ribeirão e Franca