O Sindicato das Indústrias de Calçados de Franca (Sindifranca) vai pedir que o Governo Federal cobre uma taxa para permitir a entrada de sapatos da Malásia, Indonésia e Vietnã no Brasil. Os empresários alegam que a carga tributária do país é maior do que a cobrada dos fabricantes asiáticos.
Há dois anos, o governo passou a cobrar uma sobretaxa de US$ 13,85 para cada par de sapatos importados da china, com o objetivo de aumentar a competitividade do calçado brasileiro. Os chineses também foram alvo de investigação para descobrir se estariam mandando os calçados que fabricam para o Vietnã, Malásia e Indonésia, para, só depois, esses produtos serem remetidos ao Brasil. A manobra, conhecida como triangulação, teria o objetivo de fugir da taxa.
“Eles [o Governo] não encontraram sobre a Indonésia e o Vietnã qualquer prática lesiva com relação às importações, ou seja, que não há triangulações por parte dos calçados da China. A Malásia, disse eles (SIC), que ainda está sobre investigação. Esses países, Indonésia, Vietnã e Malásia, não têm a carga tributária que nós temos, não tem uma CLT [Consolidação das Leis do Trabalho] complicada como nós temos. O custo Brasil nos impede de concorrer com esses países”, afirmou o presidente do Sindifranca, José Carlos Brigagão do Couto.
O diretor comercial de uma empresa calçadista Alexandre Henrique Ferreira diz que é impossível concorrer com os valores praticados pelos chineses. “O Governo chinês subsidiou, aumentou a industrialização de calçado lá. São valores que a gente nem consegue entender. Como que se consegue chegar no Brasil com um produto a US$ 6 US$ 7? Só a mão de obra no Brasil, sem nenhum outro insumo, é o custo de cada produto, de cada par US$ 6”, diz.
Segundo os calçadistas, a situação piorou após o Governo brasileiro passar a cobrar 182% a mais dos empresários que importam da China o cabedal – a parte de cima do calçado – e o solado, justamente a estratégia usada pelos fabricantes para diminuir os custos dos produtos. Outro ponto controverso é a decisão de excluiu 95 empresas que fazem essa importação da sobretaxa.
O proprietário de uma fábrica de calçados José Rosa Jacometti afirma que a medida é injusta. “Só Franca hoje tem 720 indústrias de calçado, sem contar as outras indústrias que tem no país. Agora, veja bem, por que só 95 podem importar sem taxa e nós não? Isso vai afetar e muito o nosso mercado”, conclui.
Do G1 em Ribeirão e Franca