Ele nasceu sabe-se lá quando. Cresceu, trabalhou duro, aliás, se trabalhou duro ou se trabalhou mole, depende do pão que ele carregou. Por vezes, fez vários bicos carregando pastéis, lanches, biscoitinhos e tal.
Décadas depois, já cansado de ser menosprezado, parou, refletiu sobre sua vida, perdeu o medo de mudar e resolveu procurar um “ideiota” que viajava em um ônibus velho e mágico.
Andando pelas ruas a caminho do tal ônibus, flertou com uma moça que caminhava na mesma direção. Essa moça, magra e loura, praticamente amarela, estava cabisbaixa e visivelmente abatida.
Curioso, preocupado e já apaixonado, perguntou:
– O que aconteceu?
Ela, desinteressada mas encantada com a atenção dada pelo rapaz, respondeu:
– Olha, estou cansada da minha vida. Carregar laranja a vida toda não é fácil. Trabalho muito, ganho pouco e, apesar de levar saúde para as pessoas, sou menosprezada e ainda pareço gorda. Estou indo conversar com o “ideiota” do ônibus mágico. Dizem que ele dá jeito nessa situação.
E assim, pela estrada afora ela não foi mais tão sozinha. A moça estava agora acompanhada e já com a cabeça erguida, em função do desabafo.
Como o caminho era longo, a afinidade dos dois foi aumentando brutalmente, alavancada é claro, pelo xaveco do rapaz.
Já próximos do destino, estavam de mãos dadas e rindo de tudo e de todos. A alegria era tanta que entraram no tal ônibus velho gritando:
– Bom dia Seu Vigário, viemos nos casar!
E o vigário, que na verdade era só um “ideiota” respondeu:
– Pegaram o ônibus certo!
E dessa maneira, além de arrumarem uma nova e nobre profissão; a de “Embalagem de Presente”, casaram, mudaram e não te convidaram…………..ou não?!