Um estudo divulgado pelo Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad) nesta segunda-feira (2) emRibeirão Preto (SP) aponta que a nomeação dos diretores de escolas públicas interfere na qualidade de ensino das unidades. O presidente do Inepad, Alberto Borges Matias, defende a escolha de forma técnica – por meio de concursos – e não política – por nomeações feitas pela Secretaria Municipal de Ensino.
“A qualidade do ensino municipal em Ribeirão Preto e o estadual também, é baixa, as notas apresentadas pelos alunos nas provas do MEC (Ministério da Educação) são notas ruins. O Brasil como um todo, apresenta notas muito ruins nos padrões internacionais. Então, se nós queremos participar de um país desenvolvido, nós precisamos formar os nossos filhos para isso e o ponto básico da formação está na própria escola. A própria escola definindo as suas metas precisa ter um diretor escolhido de forma técnica e não de forma política. Essa escolha de forma técnica permitiria uma aglutinação maior dos professores e todos os funcionários, dos próprios alunos, dos pais dos alunos no sentido de melhorar a qualificação dessas nossas escolas”, afirmou Matias.
O estudo, em conjunto com a USP e apoiado pelo Rotary e Centro Industrial do Estado de São Paulo (CIESP), analisou a educação em Ribeirão Preto por cinco anos – de 2005 a 2009 – comparando o município com cerca de 30 cidades do mesmo porte. Na pontuação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), Ribeirão Preto teve média 4,6 em 2007 e 5 em 2009, inferior à do Estado de São Paulo que obteve 5 em 2007 e 5,5 em 2009.
Na comparação com Sorocaba, em 2009, segundo dados do Programa do Governo Federal Todos pela Educação, Ribeirão Preto registrou menos matrículas 37 mil contra 46 mil. Sorocaba também sai na frente nas taxas de aprovação 94,3% contra 90,4% das ribeirão-pretanas. O índice de abandono escolar sorocabano também é menor, 0,7% ante a 1,7% de Ribeirão Preto.
O presidente do Inepad afirmou que o documento com os dados será entregue para as secretarias municipal e estadual de Ensino. Para ele os principais problemas da educação brasileira estão na escolha dos diretores de escolas e na qualificação de professores. “Nós temos um nível de motivação baixo, então é necessário um nível de motivação mais alto. Os professores precisam ser escolhidos, se possível, entre professores com mestrado em suas áreas. Precisamos fomentar os professores atuais a terem mestrado em suas áreas, precisamos fomentar um intercâmbio internacional com países mais avançados, para trazer para cá o que esses países fizeram e como apresentar”, concluiu.
Presente no lançamento do estudo, o ex-jogador de futebol ribeirão-pretano Raí disse esperar que um dia sua cidade natal seja reconhecida por excelência no ensino. O ex-craque do Botafogo de Ribeirão Preto, São Paulo, Paris Saint-Germain e Seleção Brasileira, lamentou a ausência de representantes da prefeitura no evento.
“Eu queria deixar registrado que é uma vergonha, um estudo como esse, uma mobilização da sociedade civil, a prefeita não estar aqui, não mandou nenhum representante, nenhum representante da Secretaria da Educação está aqui, isso mostra pouco caso, se não, mostra resistência em mudar isso por algum interesse político”, disse Raí.
Prefeitura questiona estudo
Segundo a Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Ribeirão Preto, a pesquisa levou em conta a qualidade do ensino de 2005 a 2009, não contabilizando melhorias na educação, aumento no número de vagas e inclusões de cursos realizados nos últimos três anos.
O Executivo também questionou o fato da pesquisa ter misturado as redes de ensino municipal e estadual e solicitou que fossem separados os resultados, para poderem corrigir eventuais falhas.
Com relação as nomeações para a direção das escolas, a Prefeitura informou que os coordenadores são escolhidos por um grupo técnico da Secretaria de Educação que leva em conta o histórico, o currículo e a graduação dos professores municipais, que são todos concursados.
Os assessores da prefeita Dárcy Vera (PSD) também informaram que ela e a secretária de Educação, Débora Vendramini, não compareceram ao lançamento do estudo porque já tinham compromissos pré-agendados e receberam o convite na véspera do evento.
Fonte: G1 em Ribeirão e Franca