Horas antes do Parque do Peão ficar lotado de fãs da música sertaneja e do rodeio, é nos arredores da famosa Avenida 43, a principal de Barretos, que acontece a concentração. Desde manhã até o início da noite, o local fica tomado de gente, seja nas fachadas residenciais, nos bares e postos de gasolina.
Além disso, é intensa a movimentação de veículos – principalmente caminhonetes emitindo altos decibéis. O tráfego congestionado nessa área não representa, no entanto, a tranqüila dinâmica urbana em outros endereços, mesmo durante os dias da Festa do Peão.
Para vistoriar abusos na 43 – que, anos atrás, ficou conhecida por casos em que os homens literalmente laçavam mulheres -, a presença da Polícia Militar é ostensiva. Em um dos principais cruzamentos da via, um posto de gasolina serve de guarida para as viaturas. Na tarde desta sexta-feira (26), foram vistos vários pontos de fiscalização – num deles, a reportagem foi parada para averiguação de documentos. De acordo com a PM, a aglomeração geralmente se estende até as 20h, quando o público começa a migrar para o Parque do Peão.
“Viemos curtir o rodeio e mais alguma coisa”, disse o advogado Edivaldo Francisco, 46 anos, de Conchas – cidade localizada na região de Botucatu. Ele e um grupo de amigos alugou uma casa na Rua 36, adjacente à Avenida 43. Faz 25 anos que Edivaldo visita Barretos para participar da festa.
Ele aprova o policiamento, mas acha que as abordagens, às vezes, são excessivas. “Nos últimos dez anos a festa só vem regredindo, principalmente aqui na cidade. Às vezes eles (policiais) usam de uma força física que na verdade não é necessária. Existe violência e existe brincadeira. A violência tem que ser coibida, mas a brincadeira sadia deve ser resolvida na base da conversa”, reclamou.
Acostumado ao que acontece no dia-a-dia da festa, Edivaldo diz que para os shows do fim de semana será preciso se antecipar. “Amanhã (sábado) temos que ir mais cedo senão não entramos no recinto. Hoje (sexta) já vai estar complicado, temos que ir lá pelas sete da noite.”
Apesar da bagunça, tem gente de Barretos que garante estar habituado à “muvuca” sazonal. Vera Lúcia Adão, de 54 anos, estava na frente de casa, na Rua 36, onde mora desde a infância, só olhando o movimento e conversando com a vizinha.
A barulheira, que de acordo com ela cessa no início da noite, não incomoda. “Já me acostumei com o barulho, eu gosto. O movimento na cidade está mais ou menos”, disse. A amiga Marciana Correia Camargo, 70, concorda. “Eu adoro. Vendi minha chácara para morar aqui”, acrescentou.
Fonte: EPTV – Rodolfo Tiengo