Cerca de 100 pessoas foram ao enterro do operador de pesagem Danilo Okazuka, assassinado a tiros nesta terça-feira (20), em Barretos. O corpo foi enterrado às 14h, no Cemitério Municipal.
Emocionado e bastante inconformado, o padrasto da vítima Vismar Pena, lamentou o crime. “Ele nunca deu trabalho ou trouxe preocupação à família. O Danilo sempre foi uma pessoa muito boa e não conseguimos aceitar que isso tenha acontecido com ele”, disse.
A polícia de Barretos segue com as investigações e procuram os dois suspeitos de terem atirado no operador de pesagem Danilo Okazuka e também no cabeleireiro Donisete José de Souza, que segue internado em estado grave na Santa Casa da cidade.
Um inquérito foi aberto e as informações são mantidas em sigilo para que não atrapalhem as investigações. A polícia trabalha com duas hipóteses: latrocínio e homicídio qualificado – quando a vítima não tem chance de defesa.
A suspeita de latrocínio existe porque, de acordo com o delegado, o celular de uma das vítimas desapareceu. Danilo Okazuka, de 28 anos, foi atingido por dois tiros e morreu no local. De acordo com a mãe, Cristina Kemiake, o filho não tinha inimizades e acredita que a causa do crime pode ter sido preconceito. “Eu sempre falava para meu filho tomar cuidado com quem ele andava, porque de repente poderia pegar um homofóbico que o mataria”, afirma.
Brasil: 128 gays já morreram em 2011
O antropólogo e fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB), Luiz Mott, acompanhou o sofrimento da família Okazuka e afirmou que a orientação da mãe de Danilo, Cristina Akemi Okazuka, é lúcida e correta. “As dicas da mãe foram de grande sabedoria. Recomendo enfaticamente aos homossexuais que evitem situações de risco, lugares desertos e relacionamentos com desconhecidos”, disse. De acordo com os números levantados pela GGB, 128 gays foram assassinados somente em 2011. No ano passado, foram 260 assassinatos.
Para Mott, a sociedade, por ser preconceituosa, torna os homossexuais mais frágeis. “A homofobia cultural transmite o estereótipo que todo gay é frágil, vulnerável. Que vizinhos e policiais não vão se importar com a vítima, e os juízes vão absolver os criminosos. A vulnerabilidade dos homossexuais os tornam mais frágeis e vítimas preferenciais”, declarou.
Além de cobrar um comportamento diferenciado da sociedade, Luiz Mott espera por um posicionamento diferenciado da presidente Dilma Roussef. Segundo ele, a falta de uma política direcionada aos gays contribui para o crescimento da homofobia. “A Dilma precisa liberar os kits anti-homofobia para que as próximas gerações aprendam a respeitar os direitos humanos dos homossexuais”, comentou.
Fonte: EPTV