A família Gelfuso, primeira a habitar o terreno onde está o Aeroporto Leite Lopes está ávida pela solução do caso na justiça. Onde hoje fica a pista principal, antigamente foi sede do sítio de Paschoal, patriarca que criava gados na fazenda. O antigo proprietário faleceu em 1972, mas deixou a briga judicial como herança. O agricultor italiano chegou a Ribeirão Preto em 1920 e se instalou como criador de gado na área em questão. Em 1944, Gelfuso recebeu uma carta da força aérea, com o pedido de desocupação do espaço para uma urgente ampliação da pista.
O neto dele, Sidnei, nasceu no ano em que começou o processo, 1961, e diz que olhar o movimento dos aviões o faz lembrar da luta nos tribunais. “Mandaram meu avô sair da área e a família ficou sem nada. A casinha onde morava ficava bem onde hoje está a pista. Passamos necessidade”, contou.
O fazendeiro teve 11 filhos, dos quais 4 estão vivos. Porém, a luta da família esbarra na documentação das terras. Quando Paschoal comprou a área de 30 alqueires, recebeu escritura de 23. Os direitos sobre os outros sete estavam em uma carta do antigo proprietário, que acabou sumindo. O processo de usucapião não foi julgado e a família nunca recebeu indenização.
O movimento no aeroporto não pára de crescer. De abril de 2010 para abril deste ano o número de voos aumentou 93% e o de passageiros 104%. Nesse período, duas novas companhias aéreas começaram a operar na cidade. A prefeitura e o governo do Estado brigam na justiça para transformar o Leite Lopes em aeroporto internacional de cargas. Enquanto isso, o problema criado com a primeira ampliação do aeroporto, há 67 anos, ainda nem foi julgado. Depois de 16 anos arquivado, em 2009 foi parar nas mãos do juiz Augusto Martinez Perez, na 4ª Vara Federal de Ribeirão Preto.
Uma das advogadas da família, Elza Spano Teixeira, espera solução rápida. “Não entendo o porquê de tanta demora. Estamos mexendo com a estrutura financeira de toda uma família e isso não pode continuar”, concluiu.
Fonte: EPTV