A liga de clubes da Espanha, LFP, assinou nesta semana patrocínio com a Konami e inseriu a marca do game Pro Evolution Soccer 2015 nos meiões de 26 clubes – 14 da primeira divisão e 12 da segunda. O negócio, apesar de ter fragilidades que o colocam em risco, mostra caminhos para o futebol brasileiro.
O patrocínio coletivo aos meiões envolveu três partes. A liga repassou direitos sobre essa parte do uniforme para a Sockatyes, empresa que desenvolveu uma tarja que é colocada sobre as meias e que expõe marcas de patrocinadores. A parceira tem três temporadas para conseguir vender esse espaço, e a primeira a topar foi a Konami. O patrocínio da desenvolvedora de games vale só para a temporada 2014/2015, que tem apenas mais uma partida a ser disputada, nitidamente um experimento.
Embora o Atlético de Madrid tenha entrado no acordo, Real Madrid, Barcelona e Valencia não o fizeram. A negociação coletiva da liga espanhola, portanto, funciona só até certo ponto. Quando envolve os dois clubes mais ricos e, de longe, os mais valiosos do ponto de vista de mídia, há coletividade, pero no mucho. Certamente desmotiva potenciais patrocinadores. Ainda assim, há uma negociação coletiva.
O abismo de patrocínios e publicidade no futebol espanhol é gigantesco. Enquanto Real Madrid e Barcelona faturam € 170,6 milhões e € 160,1 milhões, respectivamente, o Atlético de Madrid, terceira maior receita do país e surpresa da Liga dos Campeões de 2013/2014, consegue € 30,2 milhões. O Sevilla, quarta maior, fatura só € 10,2 milhões, e o Athletic Bilbao, quinta, € 4,9 milhões. O Valencia não publica balanço financeiro. Todos os demais clubes vão daí para baixo. Como nenhum deles tem tanto a oferecer, pelo modelo que o futebol espanhol adotou de favorecimento a Real e Barça, a LFP tem de se valer da coletividade para conseguir algum dinheiro com patrocínios para vários clubes de uma vez.
A coletividade é um dos caminhos mais óbvios para o futebol brasileiro ter mais a oferecer para potenciais patrocinadores. Ainda mais por ser um país de proporções continentais, clubes de regiões menos valiosas que São Paulo e Rio de Janeiro do ponto de vista mercadológico, como Nordeste, Goiás, Santa Catarina, Paraná e até Minas Gerais e Rio Grande do Sul, saem em desvantagem na negociação de patrocínios. Quando muito, conseguem alguns bons negócios com empresas de atuação regional. Um patrocínio coletivo, ainda que em um espaço esdrúxulo do uniforme, como os meiões, daria aos clubes alcance nacional e abriria novo leque de empresas, com orçamentos mais gordos, que poderiam se interessar.
Mas, por aqui, nem liga há.
Fonte: Globo Esporte