
Com a chegada do bebê a casa nunca mais será a mesma. As mudanças no cotidiano devem levar em conta o novo membro da família, mas não apenas ele: o ideal é pensar no bem-estar coletivo.
A vida com o filho deve se aproximar ao máximo do que era a vida do casal, mas com ponderação. Se querem levar a criança para jantar fora com os amigos, os pais podem adiantar o horário do programa e evitar sair às nove da noite, quando o pequeno já está dormindo. “A rotina é o que dá segurança para a criança se desenvolver e ela depende disso”, ressalta Daniela de Rogatis, consultora na área de educação e família e autora de um blog sobre o assunto.
Por outro lado, as crianças também devem se adaptar aos hábitos dos adultos. Não dá mais para ouvir música pesada no último volume, mas tampouco é preciso baixar um decreto de silêncio absoluto na casa. “A criança vai se acostumando à rotina da casa e todos vão convivendo melhor”, diz Daniela.
Poupar as crianças de tudo que os pais imaginam que causará desconforto cerceia o crescimento saudável. “Por excesso de zelo, os pais acabam deixando de apresentar o mundo para a criança”, diz a pedagoga Valéria Franco, orientadora pedagógica do Programa de Educação Infantil da ONG Ação Comunitária.
Ajudar a criança a desenvolver todo seu potencial, permitindo a ela enfrentar situações diversas no tempo adequado, é a base do conceito do “estímulo oportuno”. E muitos pais cometem – sem saber – erros comuns. Descubra abaixo se você está entre eles.
Você alimenta seu filho separadamente?
De acordo com a nutricionista Camila Podete, consultora da Nutri Materno Assessoria Nutricional, em São Paulo, a criança deve fazer as refeições com os pais sempre que possível, seja para aumentar o vínculo, seja para entender que existe uma rotina naquela casa.
Comer com os adultos também serve de referência para aprender a se comportar em um restaurante. A criança pode estar em uma mesinha ou em um cadeirão por perto, se ainda for muito pequena, e os pais devem evitar brinquedos ou televisão nesta hora, para que ela entenda que aquele é o momento de alimentação e socialização com a família.
Você conversa com a criança usando “linguagem de bebê”?
Falar com o bebê sempre de forma infantilizada e substituir palavras como “água” por “ága” quando ele está aprendendo a falar também não é uma boa ideia, por mais que você ache bonitinho.
Edimara de Lima é psicopedagoga e diretora da Prima Escola Montessori e explica que, entre os seis meses e os dois anos de idade do bebê, os pais devem falar com a criança de forma correta. O afeto no tom e em algumas palavras é sempre bem-vindo, mas não vale empobrecer o repertório.
Você não vê a hora do seu filho dar os primeiros passinhos?
Condenado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, o andador é considerado nocivo ao desenvolvimento infantil. Além de poder levar a quedas, ele atrasa a aquisição da confiança necessária para andar sem o acessório.
“Pais que têm pressa em ver a criança andando podem não permitir que ela passe pelas etapas necessárias para andar com confiança, como engatinhar, ficar de pé e andar com apoio para depois conseguir andar sozinha”, diz Patrícia Spada, especialista em psicologia infantil pela Unifesp. Os pais devem respeitar o ritmo da criança.
Você confia no seu taco como mãe?
O último erro comum dos pais é a falta de confiança neles próprios. Quando o bebê começa a ir para o berçário ou para a escola, por exemplo, é comum que ele chore nos primeiros dias ou até nas primeiras semanas. Isso acontece pelo distanciamento dos pais, mas de acordo com Rosana Ziemniak, diretora do berçário e da educação infantil do Colégio Magister, levar a criança correndo de volta para casa não vai adiantar em nada. “A criança só cria segurança e confiança quando passa por situações em que a palavra dela não é a final”, conclui.
Renata Losso – especial para o iG São Paulo