A adolescente Mariana Carniel Ricci, de 17 anos, que morreu quatro dias após passar mal em uma rave em Jardinópolis (SP), sofreu uma provável overdose depois de consumir drogas, aponta um laudo toxicológico do Instituto Médico Legal (IML). De acordo com o exame divulgado pela Polícia Civil nesta terça-feira (29), Mariana foi vítima de uma “hipertensão intracraniana por inchaço cerebral grave, por provável intoxicação exógena por droga ilícita”. A polícia intimará familiares da vítima e organizadores do evento para a conclusão do inquérito sobre o caso.
A adolescente teve um mal-estar enquanto participava de uma rave em 8 de junho. Mariana foi socorrida por amigos e levada à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Ribeirão Preto (SP), de onde foi liberada. No dia seguinte, ela voltou a passar mal e foi internada na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE), onde morreu em 12 de junho, dois dias após completar 17 anos. A principal suspeita da polícia era de que a adolescente tivesse consumido drogas no evento. O Ministério Público também investiga o ocorrido.
Diante da evidência levantada pelo IML de que houve consumo de drogas antes da morte, o delegado Renato Savério, responsável pelas investigações, disse que a família da estudante será intimada a depor. A polícia também deve solicitar as fichas clínicas das unidades de saúde em que Mariana foi atendida. “Vamos intimar os familiares, que devem expor para nós qual foi a ordem cronológica de atendimento para a jovem. Também vamos pedir a ficha clínica junto aos dois locais em que ela foi atendida, que são a UPA e o Hospital das Clínicas”, diz.
Os organizadores do evento também serão questionados sobre a permissão da entrada da adolescente na rave, uma vez que o evento era voltado a maiores de idade. “Eles já estão sabendo do resultado do laudo, mas serão ouvidos após o depoimento dos familiares da jovem.Vamos questionar principalmente o fato de Mariana ter ingressado na festa sem o uso do RG. Foi comprovado pela amiga que as duas entraram no evento sem o uso do documento. Não pediram na porta”, afirma.
Savério também deve cobrar explicações acerca da distribuição e consumo de drogas no local. “Vamos questionar o fato de essa droga ter sido vendida ou entregue à adolescente dentro do recinto. Quem tomava conta, se tinha segurança, quem fazia fiscalização.Tudo isso será questionado junto à organização”, conclui.
Ministério Público
Além da Polícia Civil, o MP também instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias da morte de Mariana. Segundo a promotora da Vara da Infância e Juventude de Jardinópolis, Marília Bononi Francisco, o objetivo é esclarecer o porquê da entrada irregular de adolescentes no evento – voltado para maiores de 18 anos – e investigar se houve consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas por menores de idade na festa.
O caso
A jovem Patrícia da Silva, de 25 anos, estava com Mariana na rave e disse acreditar que alguma substância foi colocada na bebida da amiga sem que ela soubesse. Patrícia negou, no entanto, que a adolescente tenha usado algum tipo de entorpecente. Segundo a jovem, Mariana vomitava muito, tinha dificuldades para falar e andar.
Outra amiga de Mariana que estava na festa, também menor de idade, relatou à polícia que a vítima ingeriu um comprimido de ecstasy. A adolescente contou que, antes disso, ambas foram barradas na porta da festa pelos seguranças, mas conversaram com alguns organizadores e tiveram a entrada autorizada, mesmo sem a apresentação do documento de identidade.
Laudo do IML aponta morte de adolescente por overdose (Foto: Reprodução/EPTV)